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O Nazismo e o Ocultismo

   Ao entrar, hoje em dia, no castelo Wewelsburg, que foi o centro de comando militar de Hitler, você imagina ver uma suástica enorme enfeitando algum lugar. Mas se depara com um símbolo estranho e diferente bem no centro do chão do Hall geral. O símbolo se chama Sol Negro. Surpreendido, você começa a refletir que há muito mais sobre o nazismo do que há para saber, quer dizer, do que aprendemos sem uma pesquisa pessoal e dedicada.
   Há um lado do nazismo que os historiadores ignoram, não por que não seja interessante, mas por ser um lado extravagante, por parecer um delírio. E historiadores tendem a simplificar certos aspectos da história, para ficarem mais aceitáveis para nós, ou até para eles próprios. Então, para os historiadores o nazismo foi um movimento puramente político e racialista; e isso é facilmente aceitável. Muito mais aceitável do que se aprofundar nesse lado encoberto do nazismo: suas crenças.
   Neste artigo eu irei explicar melhor as crenças nazistas. Sim, é como se o Nazismo fosse também uma religião! E não, a religião nazista não era a católica; a tolerância ao catolicismo tratou-se de um acordo (que considerarei também ao longo do artigo).
   As crenças nazistas foram uma amálgama de teosofia, ocultismo, mitologia e até mesmo a crença em seres de outros planetas. Como isso tudo ficou coeso em um único sistema de crenças? Continue a leitura e surpreenda-se.
   Usarei neste artigo o termo "arianismo" para representar todo o conjunto de crenças teosóficas de superioridade racial ariana, visto houveram muitas vertentes, inicialmente, como veremos a partir de agora...

Os Pioneiros do Arianismo

   Em meio a áreas rurais da Morávia, ainda no século XIX, onde uma natureza já mística por si só verdeja vastas áreas de campinas, com belas colinas e penhascos, onde ruínas de castelos medievais, monumentos pré-históricos e catacumbas antigas esperam para contar a algum arqueólogo todas as suas histórias maravilhosas, um rapaz está sentado ante a um antigo castelo nas colinas. Ele copia aqueles traços arquiteturais magníficos usando um pincel em uma tela. Ele é Guido Karl Anton List e logo se tornaria o influente jornalista e escritor Guido von List.
   Sua família fazia muitas visitas aos parentes nas áreas rurais como a Baixa Áustria e a Morávia. Guido List preferia o campo à cidade. Visitando essas áreas rurais tão épicas, cheias de mistérios e deuses calados em suas ruínas, como preferir os centros urbanos tão caóticos? Como não se fascinar por aquelas antiquíssimas estruturas e tudo o que elas contavam? Deuses antigos, muito mais antigos que Cristo, aparentemente. Guerreiros nobres e devotos. Civilizações que depositavam suas esperanças em crenças muito mais ricas e fantasiosas. Guido List ficou muito mais do que meramente fascinado com isso, ele passou a crer nessas religiões antigas. Posteriormente, ele iria dar início a uma tendência nas terras pós-saxônicas, Áustria e Alemanha, o Völkisch; não o arianismo ainda mas uma rejeição ao pensamento cristão em busca de um resgate a um antigo orgulho cultural saxão. Mas nesse instante, ele está apenas fascinado, pintando um castelo.

A Morávia, ainda hoje, é  uma área rural misteriosa, cheia de ruínas medievais que mexem com a imaginação das pessoas. Não é surpreendente que  tenha surgido daqui uma das principais religiões neo-pagãs do século passado.

    Quando tinha 14 anos, em 1862, List conta que foi levado para conhecer as catacumbas da Catedral de São Estêvão, em Viena. Devido ao fascínio que já havia tomado conta de Guido von List, ele acreditava que essa catedral havia sido construída sobre um templo saxônico, e que as catacumbas já haviam sido um antigo santuário sagrado saxão. Ele conta que, quando seu pai o levou para essas catacumbas, ele se ajoelhou diante de um altar em ruínas e jurou que, quando crescesse, construiria um templo para o antigo deus Wotan (Odin, para os saxãos).
   Enquanto List se envolvia nos negócios de artigos de couro da família, ele realizou várias expedições pelos alpes, para ver as ruínas saxônicas. Certa vez, em 24 de junho de 1875, ele e mais quatro amigos, que compartilhavam de suas crenças, passaram a noite acampados sobre as ruínas de uma antiga fortaleza romana chamada Carnutum para comemorar os 1500 anos da batalha de Carnutum, onde as tribos germânicas pagãs derrotaram os romanos. List conta que ele ficou a sós um momento, e enterrou oito garrafas de vinho, formando uma suástica (ainda não sendo um símbolo nazista), sob o arco de um portão de um monumento pagão em ruínas.
   Logo Guido List abandonou os negócios prósperos da família para se dedicar ao jornalismo, escrevendo para revistas patriotas como Neue Welt ("Novo Mundo"), Heimat ("Terra Natal"), Deutsche Zeitung ("Jornal Alemão") e Neue Deutsche Alpenzeitung ("Novo Jornal Alpino Alemão"). Eles escrevia artigos sobre o campo austríaco, as áreas rurais, e as origens saxônicas dos nomes do lugares, enfatizando crenças e costumes pré-cristãos dos ruralistas. Assim ele adere ao que foi chamado de movimento Völkisch.
  Völkisch (lê-se "Fóilkish"), significa "étnico" e foi um movimento de valorização das raízes étnicas saxônicas do povo austríaco e alemão, e seu legado pré-cristão. Quando Guido List escreveu seu primeiro romance, não surpreendemente um romance histórico chamado Carnutum, onde ele centra a trama na vitória das tribos germânicas sobre o império romano, ele ganhou fama nacional.
  O movimento Völkisch contribuiu muito para o desejo dos países de idiomas austro-húngaro de se juntarem ao recém criado império alemão.
Com esse orgulho renovado de povos de origem saxã, lentamente foi-se construindo, já a partir daí, um sentimento de ódio à miscigenação étnica e, por sua vez, ao antissemitismo, em certos grupos entre a população de etnia saxã.

    Guido von list (ele adotou oficialmente o título "von" somente em 1907), já professo pagão, devoto a Wotan, deu diversas palestras sobre o wotanismo. Em fevereiro de 1894, ele realizou uma palestra, na Deutsches Geschichte  (Associação Histórica Alemã) sobre um antigo sacerdócio de Wotan.
   O wotanismo que Guido von List pregava não era, segundo ele, originário de pesquisas históricas e arqueológicas e sim de sua própria iluminação clarividente. Podemos considerar, portanto, que o paganismo de Guido von List foi uma reconstrução criativa do paganismo saxão.
   Ele enfatizava que, antes do império romano, uma população culturalmente unificada de saxãos haviam se difundido, como um  império, por boa parte da Europa até que o cristianismo romano foi imposto a esses povos, dividindo-os e enfraquecendo-os. Tal "império" unificado, claro, não tem nenhuma base sólida na historiografia; mas fomentou ainda mais o Völkisch dos muitos admiradores de von List.
   Enquanto Guido von List estava dando suas palestras e espalhando seu wotanismo, um jovem monge, recém membro no Monastério Heiligenkreuz, também seria tomado por um sentimento de "iluminação" após ter encontrado uma tumba de um cavaleiro templário, em 1894. Seu nome era Adolf Josef Lanz, mais tarde autodenominado Jörg Lanz von Liebenfels. O ainda Adolf Lanz ingressou na ordem cistercience aos 19 anos, no mosteiro de Heiligenkreuz, construído no meio das florestas de Viena. Desde criança ele era fascinado pelo tempo medieval, por ordens religiosas, especialmente os templários.
  Lanz era dedicado aos estudos e ávido leitor das bibliotecas empoeiradas do monastério; que guardavam livros de conhecimento proibido. O monastério, com sua arquitetura gótica, seus vitrais, e tumbas de duques antigos, trazia para o sentimento de Lanz uma atmosfera medieval e cavalheiresca, que o entusiasmava.

   Seu professor de línguas antigas, Nivard Schlögl, começou a expressar antissemitismo durante as aulas; o jovem Lanz ouvia atentamente seu professor. Lanz também era um leitor assíduo dos escritos de Guido von List.
   Mesmo noviço, Lanz começou a ganhar reputação como um estudioso em história alemã. Aos 20 anos de idade, ele já havia escrito dezenas de artigos sobre história para revistas, bem como relatórios, a partir do escritório do monastério.
   Na verdade, Lanz estava muito mais envolvido em ocultismo, astrologia, o santo Graal e outros temas esotéricos. Quando encontraram uma tumba de um templário, debaixo do chão do claustro do  monastério, Lanz exaultou.
   A lápide era adornada com um relevo que retratava um cavaleiro templário desafiando uma besta, uma fera não identificada, algo entre um macaco e um cachorro. Em um comentário sobre o acontecimento, Lanz escreveu que interpretou o relevo como sendo uma batalha dualística entre o bem e o mal. Supondo que o cavaleiro do relevo tenha sido Berthold von Treun (1254 a.d.), Lanz ficou muito intrigado pela representação literal do mal. Essa interpretação se tornou o fundamento para as suas ideias arianistas, e aquela besta deu início a sua crença de uma condição sub-humana prevalecente em raças não-arianas. Seus estudos passaram a sofrer uma leve mudança; ainda centrado no ocultismo, Lanz agora estudava zoologia, antropologia e darwinismo para tentar resolver essa questão em sua mente. Ele passou a ver os templários como uma ordem "do bem" tentando proteger um legado ariano de raças humanas "bestiais." Por fim, Lanz consolidou suas teorias no que chamou de Teozoologia.

   Já tendo suas heresias sido notadas pelos outros monges, Lanz foi convidado a se retirar do Monastério em 1899.
  Sua primeira atitude ao sair foi fundar uma Ordem Templária, a Ordo Novi Templi (Nova Ordem Templária, do latim). Homens arianos, adeptos das ideias arianistas foram se tornando membros da ordem. A liturgia, estrutura e hierarquia foi baseada na Ordem Cisterciense.
  Em 1904, ele publica um livro com suas ideias "iluminadas", o Theozoölogie oder die Kunde von den Sodoms-Äfflingen und dem Götter-Elektron (Teozoologia, ou a Ciência dos Homens-Macaco Sodomitas e o Elétron Divino). Nesse livro, ele expôs sua teoria de que Eva teria tido relações com demônios e isso gerou raças inferiores. Segundo ele, essas raças devem ser esterilizadas e usadas para trabalho escravo, para que a raça ariana, denominada por ele de Homens-Deuses, predomine.
  No mesmo ano ele também funda a revista Ostara, que além de propagar o Völkisch, também era usada para pregar suas ideias racistas. Embora a sua revista não tenha tido grande repercussão, em 1909, um certo jovem austríaco chamado Adolf Hitler, isso segundo Lanz, o procurou para completar sua coleção de Ostara com duas edições que estavam faltando.
  Lanz também foi um dos 50 fundadores da Guido-von-List-Gesellschaft (Sociedade Guido von List -1908).

Parte preservada do mosteiro de Heiligenkreuz (Fachada Oeste)

A Doutrina Secreta, de Madame Blatvasky.

   Fora da Alemanha, o livro A Doutrina Secreta, certamente ajudou a construir o pensamento arianista. Madame Blatvasky viajava pelo mundo em busca de conhecimento oculto em povo antigos; foi após a uma viagem ao Tibete que ela escreve o livro A Doutrina Secreta, baseada no conhecimento que aprendeu com os monges tibetanos.
  A Doutrina Secreta fala de "raças raiz" que foram evoluindo até se tornarem a raça ariana. O primeiro estágio era uma raça etérea que se multiplicava por divisão, que depois evoluíra para uma raça física e com mente rudimentar instalando-se no continente chamado hiperbórea, que por sua vez deu origem ao lemurianos, uma raça hermafrodita que nasciam de ovos e que viviam no continente lemuria, que deram então origem aos atlantes e os sobreviventes da desafortunada Atlântida migraram para os continentes como conhecemos, dando origem aos arianos: hindus, persas, europeus, egípcios e gregos. Segundo Blatvasky "As raças arianas variam do escuro, quase negro, até o mais claro, e mesmo assim são todos todos vindos do mesmo ancestral, que teria vivido cerca de 18 milhões de anos atrás, e também há 850.000 anos, no tempo do afundamento do grande continente da Atlântida." Notem também, em contrassenso, que os arianos podiam ser escuros, razão pelo qual os nazistas consideravam aceitável ter soldados negros, provenientes da Arábia e Egito, em suas tropas. Madame Blatvasky e o livro A Doutrina Secreta eram muito populares na Alemanha, devido, é claro, ao movimento Völkisch, que resgatava crenças pré-cristãs do povo saxão.  De fato, essas sociedades teosóficas alemãs admiravam as suposições de Blatvasky, e a citavam frequentemente.

As Sociedades Místicas e a Primeira Guerra Mundial.

   Assim nascem as primeiras organizações esotéricas arianistas. E de uma inocente onda de orgulho de um legado pré-cristão foi surgindo um ódio contra miscigenação racial. O mais incrível é que, de início, até mesmo alguns judeus eram admiradores, por exemplo, de Guido von List, como Moritz Altschüler que editava um periódico de estudos bíblicos. O artigo de Lanz Anthropozoon Biblicum (O Homem-Animal Bíblico, em Latin), bastante racista, foi publicado no periódico de Altschüler.

  Uma curiosidade a parte são os nomes dessas duas figuras históricas, escolhidos por eles mesmos, inventando desculpas para terem o título von, um título de nobreza. Em 1907 Guido List passou a registrar seu nome com o título "von" alegando que descobriu que sua família tinha uma antiga origem de nobreza , mas que seu avô teria arquivado o título. Na Suíça existiu uma antiga família nobre chamada Lantz de Liebenfels, o que serviu de base para que Lanz afirmar que esta seria a origem de sua família. Embora não haja nenhuma evidência sólida que "von" List e "von" Liebenfels (como Lanz se auto-denominou) teriam origens nobres, é provável que esses nomes de fantasia servissem como marketing de suas ideias, ou mesmo para esconder, no caso de Lanz, uma origem judia.

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   O inicio do século XX foi marcado por fortalecimento do Völkisch e pela popularização de várias sociedades teosóficas arianistas, algumas secretas.
   Novas sociedades foram se formando, duas delas fundadas pelo jornalista dono do jornal antissemita Hammer (1902), Theodor Fritsch. Ele fundou um movimento antissemita chamado Reichshammerbund (A Federação do Hammer Afortunado), mas, secretamente fundou uma sociedade chamada Germanenorden (Ordem Alemã), onde os membros tinham que comprovar com documentos que tinham sangue ariano puro. Ambas as sociedades pregavam que os judeus eram inferiores por motivos que eles alegavam ser biológicos; além disso, a suástica começou a ser usada com símbolo do arianismo.
   A sociedade Guido von List estava publicando livros de List e propagando a teosofia. E o Ordo Novi Templi, de Lanz, começava a afirmar que os templários tinham o objetivo de construir um império ariano pela Europa, pelo menos era isso que Lanz interpretava. Lanz expandiu a Ordo Novi Temple, em 1907, adquirindo o castelo de Werfenstein em Strudengau, na Alta Áustria, como base da ordem. Outros castelos foram sendo adquiridos com o tempo.
   Enquanto Lanz expandia sua ordem templária, outra sociedade esotérica surgiu na Alemanha, a Panbabylonischen Gesellschaft Wien-Berlin (Sociedade Pan-babilônica Viena-Berlim), que se fundamentava na obra de Friedrich Delitzsch, que divulgava que as histórias de Gênesis eram baseadas na mitologia babilônica. Mas essa comunidade foi sendo influenciada por mulheres místicas, que estavam mais interessadas em magia do que em história e teologia babilônicas, entre elas Maria Orschitsch. De momento, tal comunidade, bem como essa mulher, não aparentavam a importância que tiveram no desenvolvimento do Nazismo; e consideraremos sobre eles a seu tempo, neste artigo.

   Enquanto o orgulho Völkisch aumentava entre os povos de origem austro-húngara, a Alemanha estava perdendo a Primeira Guerra Mundial. Tal guerra, com a Alemanha derrotada, culminou no Tratado de Versalhes que a Alemanha considerou uma "imposição" (diktat, na palavra alemã) e não um tratado.

   De fato, esse tratado confere à rendida Alemanha inúmeras punições como a perda de territórios, e a obrigação da Alemanha pagar quantias exorbitantes aos países vencedores pelos "danos de guerra." Tais punições, de fato, afetaram a população inocente alemã, resultando em fome, pobreza e desemprego. Em um povo recentemente orgulhoso de sua etnia ariana, esse golpe foi avassalador e extremamente humilhante. Essa opressão (devemos admitir) por parte dos vencedores da Primeira Guerra preparavam o humilhado povo alemão para seguir qualquer maluco que prometesse restituir o orgulho alemão e a reafirmar a raça ariana no planeta.
   Todo esse sentimento de raiva, de opressão e humilhação, foi transferida aos judeus (não, a culpa nunca poderia ser da "superior" raça ariana). Alegadamente, os judeus se recusaram a participar dos esforços de guerra. Os resultados da Primeira Guerra, certamente, aumentaram o antissemitismo e fortificaram as sociedades arianistas. A ideia de que os arianos eram uma espécie de raça divina mística estava mais forte do que nunca!

 

As injustas imposições à Alemanha, via Tratado de Versalhes, deixou o país extremamente endividado.  Uma vez que a Alemanha não podia pagar a dívida, as tropas francesas e belgas invadiram e ocuparam a região alemã de Ruhr, uma região industrial, e pilharam bens de valor da região, para "pagar" a dívida, em Dezembro de 1923. Isso certamente gerou nos alemães um desejo de retaliação, que Hitler saberia aproveitar muito bem em seus discursos. Na foto, um soldado francês ameaça um velho durante a ocupação de Ruhr.

(Bundesarchiv, Bild 183-R09876 / CC-BY-SA 3.0)

A Sociedade Thule e a Sociedade Vrill

   A sociedade Thule foi fundada em 1918, como Studiengruppe für germanisches Altertum (Grupo de Estudos para a Antiguidade Germânica). Seu fundador foi Adam Alfred Rudolf Glauer (que adotou o nome de Rudolf Freiherr von Sebottendorff).
   Rudolf von Sebottendorf nasceu na Prússia (Hoyerswerda, na Silésia - atual Saxônia) em 1875, mas depois se tornou cidadão Otomano, sendo expatriado pelo Barão Heinrich von Sebottendorff. Isso lhe serviu de base para adotar o nome Sebottendorff e reivindicar o título de Freiherr.
   Rudolf Freiherr von Sebottendorff foi um grande entusiasta do ocultismo, sendo iniciado na maçonaria em 1901. Também era interessado no sufismo, e exercícios de meditação sufi. Numerologia e astrologia eram outros interesses dele. Dizem que ele também se converteu ao islamismo, orientado ao sufismo.
   Na mesma época da ascensão do escritor Guido von List e das primeiras sociedades arianistas, esse ocultista também criava suas próprias ideias exóticas sobre a raça ariana. Mas essa pessoa específica desenvolveu essas ideias muito além da antiga mitologia saxã.
   Sebbotendorf havia estudado muito práticas místicas diferentes, em sua cabeça ele começou a criar um amálgama desses ensinamentos, juntos com experiência pessoais. Em meados de 1912 ele afirma que descobriu o que chamou de "a chave para a realização espiritual"; um conjunto de exercícios meditativos que guarda muitas peculiaridades próprias, pouco semelhante ao sufismo ou a maçonaria.
   A loja maçônica em que Rudolf von Sebottendorff era membro se tornou uma divisão da  Germanenorden e passou a ser chamada Germanenorden Walvater. Rudolf von Sebottendorff foi nomeado Ordensmeister (líder local) da divisão. Ou seja, tal loja maçônica foi também abraçada pelas sociedades arianistas e Sobottendorf passou a ter uma posição de destaque também na sociedade Germanenorden.
  Após ser autorizado por Hermann Pohl, um dos fundadores da Germanenorden, Rudolf von Sebottendorff funda o Grupo de Estudos para a Antiguidade Germânica, em 17 de agosto de 1918.
   Porém, nesse mesmo ano algo muito mais secreto aconteceu, envolvendo Sebbotendorf.
   Em uma marásmica pousada nas montanhas, a alguns minutos da cidade de Berchtesgaden, na Bavária, algo ainda mais peculiar teria sido iniciado por um pequeno grupo de místicos. Foi fundada a Alldeutsche Gesellschaft für Metaphysik (Sociedade Pan-alemã de Metafísica), mais tarde conhecida como Vril-Gesellschaft (Sociedade Vrill).
   Mas como e porque foi decidido criar essa sociedade secreta?
  Um ano antes, no Café Schopenhauer, Viena; uns poucos homens e mulheres da sociedade pan-babilônica se reuniram com místicos indo-europeus e integrantes da ordem templária. Lá foi discutido o estabelecimento de uma nova sociedade conjunta. Nesta reunião estavam o próprio Sebottendorff, como membro da  Germanenorden; Maria Orschitsch da Sociedade Pan-Babilônica e o doutor Karl Haushofer, pesquisador esotérico. O Café Schopenhauer existe até hoje (1180 Viena, Staudgasse 1).
  Tudo culminou por fim, naquele pequeno hotel montanhesco, onde um pequeno grupo de pessoas excêntricas se reuniram, de forma aparentemente singela. Sebbotendorf e Maria Orschitsch, estavam presentes. Também algumas colegas de Orschitsch, como Traute e Sigur; estas mulheres, inclusive Maria, deixavam os cabelos extremamente compridos. Também estava presente o dramaturgo Dietrich Eckart. Este último, um louco viciado que entrava e saía de manicômios, mas também uma figura importante que mais tarde se tornaria amigo de Hitler.
  O grupo fundou ali a  Alldeutsche Gesellschaft für Metaphysik, mais tarde apenas Sociedade Vrill. Mas o que seria esse vrill? Quais eram as crenças dessa sociedade? O que teria tal sociedade a ver com o arianismo? Acho válido responder essas questões antes que o personagem central, Hitler, entre em cena neste artigo.

A Sociedade Vrill foi fundada em segredo em uma pacata pousada na montanha, próximo a Berchtesgaden, na Bavária no ano de 1918; por quatro pessoas misteriosas, entre elas o místico Sebottendorff e a médium espírita Maria Orschitsch. A pousada não existe mais, mas certamente, teria sido um ambiente tão pitoresco e sinistro quanto o hotel Kehlsteinhaus, também em Berchtesgaden. (ao lado)  Fotografia por Hiroki Ogawa.

O Vrill e um Reino de Luz

   O Sol Negro é um símbolo com origens remotas, provindo da mitologia suméria. O símbolo representava, para os sumérios, uma válvula por onde a luz divina fluiria mais facilmente. Eles também criam que um sol invisível existiria ao lado do sol como conhecemos. Desse sol  invisível emanaria  luz Vrill. O símbolo do sol negro  poderia ser uma representação pictórica desse sol invisível.

  Por extensão, o sol negro passa a simbolizar também o despertar da Nova Era Vrill, o "paraíso" da mitologia Suméria, onde a luz Vrill fluiria livremente na Terra. Crença que a Sociedade Vrill compartilhava.

   As Vril-Damen eram médiuns europeias do início do século XX que buscavam canalizar a energia Vrill  deixando seus cabelos extremamente longos. Assim elas esperavam aumentar seus poderes mediúnicos.

Maria Oršić

   Mensagem que  Maria Oršić teria recebido em seu contato mediúnico com o sistema estelar Aldebaran.

  No que criam os fundadores da Sociedade Vrill? A base das crenças da Sociedade Vrill foi a antiga religião suméria e as visões da médium Maria Orschitsch.
  Maria Oršić (na grafia original croata) nasceu em 1895 em Zagreb, Croácia. Seu pai era croata e sua mãe alemã. Aos 15 anos de idade, Maria começou a demonstrar supostos dons de mediunidade. Seus pais até consentiram com suas performances mediúnicas, embora ficassem relutantes.
  Com o tempo ela ficou famosa por ter contato com os espíritos, por atender pessoas, uma típica médium. Mas havia um diferencial em Maria Orschitsch: ela era estudiosa de esoterismo antigo, mitologia suméria, e também aderiu ao movimento Völkisch. Ela professava o desejo da união da Áustria ao Império Alemão. Mas como uma médium esotérica passou a professar um desejo tão político? Vamos entender melhor o que se passava na cabeça de Maria Orschitsch.
   Em algum momento de sua juventude, Maria Orschitsch se juntou à  Sociedade Pan-Babilônica Viena-Berlim, uma sociedade dedicada aos estudos do ocultismo babilônico.
A palavra Vrill vem do acadiano (civilização mesopotâmica pré-babilônica), vri significa "semelhante" e  ll  significa Divino; vrill, portanto, soa "como o divino." É entendido como uma energia mística, uma "força", que a deidade feminina suprema emana para o mundo material. Crê-se que os seres biológicos precisam dessa energia para funcionar e muitos são capazes de canalizá-la. A palavra Vrill foi usada pelo escritor Edward Bulwer-Lytton, em sua ficção The Coming Race, 1871, (A Raça Vindoura), para nomear uma energia mística manipulada por uma raça subterrânea. Mas as origem das crenças da Sociedade Vrill não remetem, obviamente, a um livro de ficção e sim às crenças mesopotâmicas.

   Essa luz divina funcionava, de certa forma, como uma energia convencional, podendo mover motores, levitar objetos...e, portanto, meios de transporte.
   Mulheres médium da sociedade Pan-Babilônica deixavam seus cabelos crescerem muito longos porque acreditavam que os cabelos poderiam captar e canalizar melhor a energia vrill, aumentando também os seus poderes mediúnicos. Essas místicas ficaram conhecidas como as Vril-Damen (Damas Vrill)

    Esse grupo feminino da Sociedade Panbabilônica, mulheres médiuns, se desviaram dos demais membros, interessados na teosofia de Friedrich Delitzsch, e se concentraram mais na mitologia babilônica e pré-babilônica. Elas começaram a crer que a deidade feminina emanadora do Vrill desejava fundar um reino de luz na terra, sobre grande parte da Europa, onde haveria uma sociedade mais próxima dos atlantis; com tecnologia mística, riqueza e prosperidade. Passaram a crer que esse reino de luz começaria com a união de certos países ao império alemão, como a Áustria e a Itália, um restabelecimento de um império bizantino-alemão; as Vrill-Damen passaram a acreditar que o cristianismo infiltrado no império bizantino havia atrapalhado o início desse reino de luz. A reunião no Café Schopenhauer discutiu exatamente essa mudança de interesse e a necessidade de se criar uma nova sociedade mística.
   Assim, mulheres médiuns, como Maria Orschitsch tinham pretensões políticas. Acreditavam em um vindouro "Terceiro Reich" (embora não usassem esse termo) que traria um reino de harmonia mística.
   Maria Orschitsch era noiva de um soldado alemão chamado Bernhard. Ele a convenceu a conhecer seu avô em um encontro e foi então que Maria conheceu o General Karl Haushofer, que também era interessado em filosofia oriental e estudioso do arianismo. De fato, Karl Haushofer se tornaria um membro da sociedade Thule, futuramente.

    Em 10 de janeiro de 1917, Maria Orschitsch entrou em transe, ao explorar estados expandidos de conciência, coisa que era costume dela, e teve, segundo ela, contato com seres de outra estrela, que instruíram ela em metafísica, os Atlântis, Lemúria, dados sobre o universo, o cosmo. Tais seres alegaram, dias mais tarde, serem de um planeta chamado Ashtari, no sistema Aldebarã. Eram um povo que vivia em uma sociedade mais harmoniosa e tecnológica, que baseavam sua tecnologia na energia vrill emanada pela deidade feminina. Uma civilização semelhante a que Platão descreveu sobre os Atlantis. Tal povo estava procurando um novo lar, a 500 milhões de anos atrás, devido à expansão de sua estrela natal, e colonizaram a terra por muito tempo, deixando um pequeno legado de seu conhecimento com a civilização humana dos acadianos, que não eram ainda avançados para compreender tal conhecimento plenamente.
  Maria teria sido instruída por esses seres a não revelar nada a não ser para suas poucas colegas médiuns, entre elas, Traute e Sigur.
  Mas, pelo visto, ela teria contado ao seu noivo e Karl Haushofer também teria tomado conhecimento disso. Ele teria, inclusive, estudado as inscrições enigmáticas que Maria Orschitsch teria feito sob a influência dos alienígenas.
  No ano seguinte, o noivo dela, Bernhard, teria convencido Maria e suas amigas médiuns a participarem de um encontro discreto com alguns estudiosos ocultistas. Nesse encontro, Haushofer, que já teria traduzido as inscrições, afirmou que estavam escritas parte em um idioma sumério e parte em um código secreto templário, e que eram instruções para a construção de uma tecnologia de viagem interplanetária. Crê-se que ele também teria mostrado os esquemas para o polêmico cientista austríaco Viktor Schauberger, que teria reconhecido o potencial da tecnologia.
  Maria Orschitsch explicou sobre as origens das instruções para os presentes nessa reunião, entre eles Sebbotendorf. O encontro aconteceu em uma pequena pousada montanhesca, lembram? Sim, esse encontro secreto não foi nada menos do que a reunião que resultou na fundação da Sociedade Vrill, ou a Alldeutsche Gesellschaft für Metaphysik (Sociedade Pan-Alemã de Metafísica). É interessante notar um legado da sociedade Pan-babilônica já no nome dessa sociedade secreta.
   Ao final de 1918, os quatro principais fundadores, Sebbotendorf, Haushofer, Maria Orschitsch e Eckart, criaram a Sociedade Vrill, importantíssima para considerarmos os aspectos ocultistas do Nazismo.

Onde Estava Hitler?

   Hitler serviu como um mensageiro na infantaria, durante a Primeira Guerra, uma função perigosa que exigia sair da proteção das trincheiras e ficar sob fogo inimigo. Mas ele nunca foi mais do que um cabo, porque soldados de nacionalidade estrangeira (Hitler era austríaco) não eram promovidos além desse posto. Apesar disso, ele foi condecorado com algumas medalhas durante sua carreira.
   Com a derrota na Primeira Guerra a Alemanha passou por uma reforma, tornando-se a República de Weimar. E o exército foi reconfigurado, sendo denominado Reichswehr (Ráisvier). Hitler se tornou um Verbindungsmann (agente de Inteligência) nesse exército reformado. Esses agentes receberam a incumbência de se infiltrarem em um certo partido político recém fundado: o Partido dos Trabalhadores (Deutsche Arbeiterpartei (DAP)).

  Era um partido muito pequeno, e Hitler foi enviado como espião para as reuniões do partido. Na primeira destas, em uma cervejaria, na data de 12 de Setembro de 1919, Hitler manifestou-se favorável a Baviera se separar da República Soviética (evento que ocorreu um mês antes) e se tornar uma nação Alemã, e defendeu os argumentos de Gottfried Feder contra o capitalismo em um debate contra o prof. Baumman. Sua eloquência foi notada por Anton Drexler, o fundador do partido. Conta-se que após o debate, Drexler sussurrou para um dos membros: "Ele tem o dom, podemos usá-lo." Hitler foi então convidado a participar de várias outras reuniões. Pelo visto, Hitler foi sendo seduzido pelos ideias anticapitalistas, arianistas e antissemitas de Drexler. Com o tempo, Hitler parecia que queria se juntar ao partido por vontade própria, não mais para espioná-los.
  Entre os poucos membros deste partido estava o dramaturgo Dietrich Eckart, que também se impressionou com Hitler. Eles tornaram-se amigos e nesta amizade Eckart apresentou a Hitler muitas de suas próprias ideías esotéricas, arianistas e antissemitas.

   Sim, Eckart também estava naquele hotel montanhoso como fundador da Sociedade Pan-Alemã de Metafísica, na verdade, a Sociedade Vrill tinha ainda meses de idade, nessa época. Pense agora nas crenças das vrill-damen, Maria O., Traute A. e as outras, de um profético reino de Luz, onde o restabelecimento do Império Bizantino, unindo vários países austro-húngaros, sem a participação do cristianismo, restabeleceria também as verdadeiras intenções dos deuses para com a Europa: um reino de luz Vrill sobre a terra, nos moldes dos antigos Atlantis. Para tal restabelecimento a grande deusa teria que usar um agente humano, um... Messias.
   Crê-se que Maria O. teria profetizado a vinda desses Messias em umas das reuniões da Sociedade Vrill, após um de seus estados expandidos de consciência; mas isso não pode ser confirmado em minha pesquisa.

  Eckart estava certo de que um "terceiro reich" (termo, inclusive criado por ele), conduzido por um grande líder, traria esse reino de luz à partir da Alemanha. A Sociedade Vrill estava atenta para a chegada desse Messias, e com tempo, se convenceram ser Hitler.
   De duas frentes, uma política e outra esotérica, a mente de Adolf Hitler, inicialmente um agente infiltrado do exército, foi sendo influenciada com o antissemitismo do Partido dos Trabalhadores e com o arianismo da Sociedade Vrill, e seus devaneios de um restabelecimento do império alemão.

  Como o membro número 55 do DAP (na verdade, no início, os membros recebiam um aumento de 500 para o partido parecer maior, Hitler tomou o número 555) Hitler se tornou o principal orador do partido, usado por Drexler como ele pretendia. Ao longo do ano de 1920, Hitler discursava para plateisa de milhares de pessoas, e muitas aderiram então ao outrora pequeno partido. Hitler foi se tornando "a cara" do Partido do Trabalhadores Alemães (DAP). Seus discursos sempre se focavam na revogação do Tratado de Versalhes e no antissemitismo. Em apenas um ano (1920) o número de membros do DAP subiu para 2000 membros reais.
   Em fevereiro de 1921, o DAP muda seu nome para Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei (Partido Nacional-Socialista do Trabalhadores Alemães), ou Nazismo, como foi posteriormente abreviado.
   Após uma revolta dentro do partido contra Hitler, quando o mesmo viajava para Berlim para angariar fundos, em julho de 1921, Hitler, ao voltar, apresentou furioso sua renúncia ao partido. A essa altura  Hitler tinha ganho uma importância tamanha no DAP, que a saída de Hitler significaria o fim. Com a condição de assumir a presidência do partido, no lugar de Drexler, Hitler voltou para o DAP como membro 3680. Hitler concedeu-se então poderes quase absolutos no partido, dissolvendo o comitê, centralizando todo o poder para si, e assumindo o título de Führer.
  Também criou a bandeira característica do partido e adotou o símbolo da suástica. Símbolo ocultista muito respeitado na época pelo movimento Völkisch.

   Hitler foi mensageiro da infantaria durante a Primeira Guerra. Como podemos observar na foto, ele ainda não usava o tal do "bigodinho". Conta a lenda que o exército recomendava não deixar o bigode, pois seria um grande transtorno se fosse necessário usar a máscara de gás. Hitler, não querendo deixar de usar bigode, simplesmente cortou as pontas.

   A suástica era conhecida pelos pioneiros do movimento Völkisch, desde Guido von List. Os antigos já usavam a suástica como símbolo de boa sorte e sabedoria por milênios. Até a runa nórdica de Thor, a Thorshamar, se parece a uma suástica.
   Mas existe também a Sauástica, o mesmo símbolo da suástica mas reverso. Este tipo de símbolo é imaginado em rotação, como o yin yang, a suástica é positiva e roda para a direita, a sauástica é negativa e roda para a esquerda, sendo associada à morte e destruição. 

  Mas é aí que se encontra uma grande controvérsia arqueológica: o sentido de rotação desses dois símbolos é o mesmo sentido para o qual os seus braços apontam? Ou seria no sentido inverso? Essa confusão, provavelmente já era existente na própria época em que eram usadas, ainda é motivo de debate: qual símbolo é a suástica, positiva, representando a vida e qual símbolo é a sauástica, negativa, representando a destruição? Qual gira para a esquerda e qual gira para a direita? Se a suástica nazista for uma sauástica, isso torna a figura de Hitler e do Nazismo mais sombrios ainda. Eu não pude trazer a resposta a essa controvérsia, pois meu tempo é precioso e administrado, preferi focar na relação do Nazismo com a Sociedade Vrill. Então a questão fica no ar. Mas é notável que o Nazismo fez jus muito mais à sauástica do que à suástica.

Suástica ou Sauástica
Ascensão ao poder absoluto.

   O Nazismo não obteve o poder absoluto da Alemanha da noite para o dia. Houve uma sucessão de eleições e golpes que resultaram na conquista desse objetivo. Cabe aqui um breve resumo da ascensão de Hitler ao poder sem nos afastarmos demais dos aspectos ocultistas, nesse ínterim.
   As assembleias e discursos continuavam conforme o partido Nazista foi ganhando opositores, Hitler criou, em 4 de novembro de 1921, uma milícia para proteger as assembleias e eventos do partido: o Sturmabteilung (acreditem, a tradução é algo como Stormtroopers, ou "tropas tempestade").
   Foram mais dois anos de discursos e de convencimentos das multidões, lembre-se de como o povo alemão ficou com o orgulho arrasado após a derrota na Primeira Guerra.
   Mas no ano de 1923, Hitler ousou além de discursos… A Bavária era então um estado da República de Weimar, um estado alemão. Hitler parecia bastante interessado nesse estado em particular desde seus primeiros discursos nas reuniões do DAP. Agora, a Bavária seria um excelente início para tornar a Alemanha um império glorioso; será que Hitler já tinha esse objetivo na época? Influenciado pelo Völkisch, pelo nacionalismo e pelas esperanças políticas das vrill-damen? Com a milícia nazista em mãos, ele tentou um golpe militar na Bavária que ficou conhecido como Golpe da Cervejaria.
   O exército da Bavária antecipou-se e interrompeu a marcha militar dos Nazistas, com muitas baixas Nazistas e a detenção de Hitler. O exército tomou conhecimento do golpe graças a uma traição. Hitler passou nove meses na prisão, onde começou a escrever seu manifesto Mein Kampf.
   Ao ser liberto, Hitler mudou a sua estratégia, escolhendo um longo caminho "democrático" que o levou a ascensão. É atribuída a ele a frase "A democracia deve ser destruída por suas próprias forças."
  Ainda em pleno controle do partido Nazista, Hitler formou em Abril de 1925 a famosa SS (Schutzstaffel, "Guarda Pessoal"), como sua guarda pessoal. Posteriormente a SS seria integrada à sua milícia.
  Surge a liga da juventude e a liga das mulheres para apoiar Hitler, Hitlerjugend e Nationalsozialistische Frauenschaft, respectivamente.
  Durante essa época houve muitas manifestações violentas na República de Weimar (atual Alemanha), partindo de ativistas políticos, como os comunistas. A situação do país foi ficando cada vez mais caótica conforme o partido nazista foi ganhando poder. Hitler vai empoderando seu partido por via democrática, conquistando cadeiras no Reichstag (Parlamento Alemão)
  Nas eleições de Julho de 1932 os Nazistas se tornaram maioria no Reichstag. E no ano seguinte, Hitler se tornou Chanceler da Alemanha, o líder do parlamento. Um incêndio criminoso no Reichstag, em 27 fevereiro de 1933, atribuído ao um pedreiro desempregado que era um ativista comunista. Esse evento foi usado para que o Partido Nazista pudesse perseguir o Partido Comunista, seu principal rival, por meio de decreto (artigo 48). Os comunistas foram excluídos do parlamento.
  Com a desculpa de conter o caos do país, os Nazistas propõem, em 23 de Março, o Gesetz zur Behebung der Not von Volk und Reich (Lei para remediar a aflição do povo e da Nação), que dá plenos poderes a Hitler, sem a necessidade do apoio da maioria. Após a lei ser aprovada pela maioria do congresso, o então presidente da República de Weimar, Paul von Hindenburg assinou o ato e, após uma concordata com o Papa, que garantiria direitos aos cidadãos católicos, Hitler conquistou também o apoio do Partido Católico. Algo parecido foi feito antes com as igrejas protestantes do país.
   É o fim da República de Weimar (não era mais uma república, afinal) e praticamente o início da Alemanha Nazista. Hitler adquire plenos poderes, por 4 anos, dizia o decreto. Ao presidente ainda caberia o comando do Exercito e a negociação com outros países; Hitler ainda não estava totalmente acima dos poderes do Estado. Em Julho ele bane todos os outros partidos do país, declarando-os ilegais.
   Com a morte do presidente Hindenburg, o cargo de presidente também passou para o seu sucessor lógico, o Chanceler Hitler. Isso acende Hitler aos plenos poderes do parlamento, do Estado, do exército, enfim, do pais com um todo. Inicia-se a mais perversa das ditaduras.
   De posse de plenos poderes, naturalmente, Hitler desejou recuperar as terras perdidas pela Alemanha pelo Tratado de Versalhes. A invasão de seu primeiro alvo, a Polônia, deu início a Segunda Guerra Mundial.

   O primeiro discurso de Hitler após sua ascensão ao poder em 1933.  O primeiro discursante é Josef Goebbels, responsável pelo marketing do Nazismo. Hitler começa seu discurso em  3:40 min .

Uma lição importante sobre democracia

   Hitler conseguiu, como ele mesmo disse, "destruir o democracia com suas próprias forças."  Isso deve nos levar à reflexão. Uma democracia dá tanto poder ao povo que pode dar início a uma ditadura por maioria de votos. Sim, a democracia pode se autodestruir, se esta for a vontade do povo. Uma só pessoa pode se tornar um ditador de um país democrático, só precisa ter uma desculpa para convencer o povo. A desculpa de Hitler foi a melhor: para salvar o povo do sofrimento, para dar ordem ao caos. Continua sendo a principal desculpa para quem quer acabar com a democracia. Notem que ditadores, antes, sempre falam de democracia. Mas o povo deve ficar atento quando um político começar a militar grupos, a fortalecer movimentos sociais extremistas, a incentivar manifestações violentas… por que mais um político espalharia o caos, senão for para fazer como se faz com sementes; esperando colher algo disso no futuro; esperando para pedir plenos poderes…

Os Místicos de Hitler

  O país sob o comando absoluto de um único homem. Mas não podemos nos esquecer do influenciadores ocultos de Hitler. Que influência teriam os místicos da sociedade Thule e as vrill-damen da Sociedade Pan-Alemã de Metafisica (e outras sociedades ocultistas que aderiram ao Nazismo) nas decisões de comando de Hitler? Como o misticismo dirigiu boa parte  do engajamento Nazista? Teriam tais místicos influenciado a Segunda Guerra? Lembrando da orientações aparentemente alienígenas recebidas por Maria Orschitsch, o misticismo teria influenciado tecnologias de guerra para os Nazistas? Todas perguntas muito boas (e centrais nesse artigo) que busco responder a partir de agora.
  Nesse ínterim de ascensão de Hitler ao poder absoluto, por onde andavam as sociedades místicas, principalmente a Sociedade Vrill?
  Na ascenção de Hitler, a Sociedade Pan-Alemã de Metafísica já tinha uma sede em Munique, fundada no ano de 1920. Nesta sede, foi definido que o método mediúnico usado nos contatos seria o Maka'ara. É uma espécie de "prancheta ouija", mas em forma de disco. O Maka'ara mais simples é um disco com Ya e Nein (sim e não). As respostas são conseguidas mediante a concentração; e a pedra é girada pela médium no centro do disco em busca das respostas, que crê-se não prover do acaso e sim do contato sobrenatural.
  Outra das primeiras resoluções da Sociedade Vrill foi proibir que os membros femininos da Sociedade cortassem o cabelo. Isso devido à forte ideia de que o cabelo serve como uma "antena" para a energia vrill e para os contatos mediúnicos.
   A Sociedade Vrill continua estando relacionada à Sociedade Thule, mas há um afastamento visível, onde as médiuns da sociedade Vrill ficam focadas na busca pela tecnologia para encontrar com os seres de Aldebaran, e a Sociedade Thule vai se focando na reconstrução do Império, ainda que com temperos místicos do Reino de Luz. Hitler se filia à Sociedade Thule em 1921, época em que o partido Nazista é fundado. No mesmo ano, o polêmico cientista Winfried Otto Schumann também se filia, mas à Sociedade Vrill.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


   Alguns membros da Sociedade Thule que não gostavam do envolvimento político acabavam migrando para a sociedade Vrill.
   Em 1922, pareceu ter havido espionagem dentro da Sociedade Vrill, e que foi uma ameaça para a existência do projeto. Contam que até mesmo umas das Vril-Damen se apaixona por um desses espiões e acaba apoiando-o. A situação se normalizou graças a amigos influentes da Sociedade Thule. Após uma assembleia, a Sociedade Vrill decidiu reforçar a segurança mas continuar com  projeto. No ano seguinte, a Sociedade Vrill recebe um pequeno destacamento da SS para protegê-los, o que indica uma relação mais forte com o nacional-socialismo.
   A Sociedade Vrill fez avanços significativos com boa cooperação entre os contatos telepáticos das médiuns e os engenheiros que tentavam reproduzir as informações mediúnicas em tecnologia.
   Mas no mesmo ano em que Hitler ganha poderes absolutos com a morte do presidente Hindenburg, 1934, a Sociedade Pan-Alemã de Metafisica é dissolvida mas se torna uma empresa de tecnologia, Antriebstechnische Werkstätten OHG (Oficina de Engenharia de Transportes OHG), Com Maria Orschitsch como diretora; sendo ainda a mesma Sociedade Vrill de facto. Essa mudança drástica na Sociedade Vril, no mesmo ano em que Hitler assume o poder não é coincidência; Hitler pelo visto estava interessado na tecnologia que a Sociedade Vrill estava tentando criar.
   Como empresa de tecnologia, a sociedade Vrill recebia financiamento dos nazistas para seus projetos de naves voadoras, como o Haunebu e o Sino.
  Esses projetos certamente ajudaram Hitler a criar tecnologia de guerra. E como membro da Sociedade Thule, adepto do Völkisch, Hitler tentou de múltiplas formas resgatar algum tipo de tecnologia "antiga", de seus supostos ancestrais evoluídos. Hitler parecia sentir que havia um conhecimento oculto, que havia se perdido da humanidade; ele pareceia achar que o auge da ciência e do conhecimento não eram os tempos modernos e sim uma perdida e remota era de ouro histórica. Entra em cena o mais famoso místico de Hitler, que consideraremos a seguir.

Ao lado: Dois desenhos demonstrando o Maka'ara, usado como instrumento mediúnico pelas Vrill-Damen. Primeiro, os símbolos no círculo significam Ya e Nein (sim e não), com uma pedra de girar no meio.  Depois vemos como seria um Maka'ara anotado; às vezes elas precisavam fazer mais de uma pergunta sobre o assunto e obter várias respostas, que eram anotadas e depois interpretadas.

As Expedições Nazistas

   Heinrich Himmler. Qualquer semelhança com certo vilão do filme Indiana Jones não é mera coincidência.

(Bundesarchiv, Bild 101III-Weill-060-13 / Weill / CC-BY-SA 3.0)

   Com vários membros do partido Nazista filiados a sociedades místicas, inclusive Hitler, este engajou diversas expedições pelo mundo em busca de artefatos perdidos que ele acreditava ser, na realidade, uma arcana tecnologia ariana.
   Hitler também tinha tradutores para textos antigos que descreviam maravilhas que pareciam ser tecnológicas, como as voadoras vimanas dos textos hindus. O ditador parecia querer acumular informações de várias fontes, textos antigos, artefatos arqueológicos, e contatos mediúnicos, para tentar entender essa tecnologia mística antiga, talvez até tentando entender melhor a tecnologia descrita por Maria Orschitsch.
   Mas Hitler precisava de um homem persistente para liderar essas expedições. Entra agora em cena um personagem excêntrico que seria visto como o braço direito de Hitler. Seu nome, Heinrich Himmler.

    Himmler era um jovem estranho que passou boa parte de sua juventude tentando uma carreira militar, ele era uma mero recruta durante a Primeira Guerra e não teve a oportunidade de combater. Se formou em agronomia e trabalhava no escritório em uma empresa de fertilizantes em Munique quando conheceu o partido nazista quando tentou se envolver com as atividades paramilitares de Munique. Influenciado pelos membros do partido nazista, Himmler foi se tornando antissemita (aspecto que ele não parecia ter antes, segundo seus diários). Suas leituras passaram a envolver o Völkisch, mitos germânicos e ocultismo.

   Devido a um pequeno envolvimento no Golpe da Cervejaria, Himmler perdeu seu emprego. No mês seguinte, Agosto de 1923, Himmler entra para o partido Nazista. Foi então que ele abandonou de vez o catolicismo e aprofundou-se em mitologia germânica, misticismo e ocultismo; bem como o antissemitismo. Himmler aderiu por completo ao arianismo. Ainda desejoso de uma carreira militar, ele entra para a SS, onde ascendeu e assumiu uma posição de liderança, três anos depois, como SS-Gauführer (Líder de Distrito da SS); e chefe de propaganda um ano depois.
 

     Em 1934, Himmler era um líder de destaque na SS. Em 1936, Himmler é empossado Reichsführer SS, e se reportava somente a Hitler. Em meio à sua carreira meteórica, Himmler criou a Ahnenerbe (Forschungs und Lehrgemeinschaft des Ahnenerbe, "Comunidade de Pesquisa e Ensino da Herança Ancestral"). Himmler, integrou-a à SS em 1939. O objetivo da Ahnenerbe era a pesquisa da história da superioridade da raça ariana para dar legitimidade à perseguição étnica nazista. Além inúmeras expedições pelo mundo, as atividades da Ahnenerbe também incluía traduções de textos antigos, e durante a guerra também roubos de artefatos históricos em museus de países invadidos e cruéis experiências humanas.
     Dado ao profundo interesse de Himmler no ocultismo, não é surpresa que a Ahnenerbe tenha mudado um pouco o seu foco.

   Expedição à Karélia. Himmler levou a Ahnenerbe para a Karélia em sua primeira expedição. O principal objetivo era gravar os cantores de runas cantando antigas canções ancestrais arianas.  Acredita-se que esse áudios tenha se perdido. Uma das vozes gravadas era de Timo Lipitsä, na foto ao lado.

  A primeira expedição importante de Ahnenerbe foi em 1935 para a Karélia. A Karélia é uma região remota, hoje dividida entre a Finlândia e Rússia, onde o povo conservou muitos costumes religiosos antigos. O objetivo era estudar pessoas que ainda praticavam antigos ritos e costumes da cultura shamânica conhecida como Cultura Urálica. A equipe da expedição contou com um ilustrador, para o caso do feiticeiros não permitirem ser fotografados e também um musicólogo (Fritz Bose) portando um magneto-fone para tentar gravar os cantos pagãos. Eles encontravam um cantor tradicional que conhecia uma música semelhante à Kalevala, uma compilação de antigas canções Karelianas (por Elias Lönnrot) no século XIX. Também encontraram uma feiticeira chamada Miron-Aku, que alegou ter previsto a chegada deles. Ela foi filmada realizando um ritual de convocação de espíritos ancestrais.
   No ano seguinte, uma equipe foi enviada para a região sueca de Gotalândia, investigar arte rupestre que acreditavam ser uma forma de escrita pré-histórica; servindo assim para afirmar a superioridade da raça ariana.
   Um casal de arqueólogos da  Ahnenerbe (Franz Altheim e Erika Trautmann) visitou a região italiana de Val Camônica, onde teriam encontrado runas nórdicas gravadas na rocha, que poderiam ser usadas para afirmar que Roma foi fundada pelos arianos nórdicos. O casal pediu a  Ahnenerbe financiamento para uma expedição por toda a Europa ocidental, para encontrar vestígios de uma suposta guerra entre romanos e semitas, o que legitimaria uma rixa história entre os arianos e os semitas, e a posterior supremacia ariana. Eles viajaram para a Romênia, Istambul, Líbano, Grécia, colhendo informações sobre o império romano.

Runas encontradas na região de Naquane, em Val Camônica, Itália. Era o alfabeto rúnico do antigo povo  camône que vivia na região. A expedição nazista à região pretendia associar essas runas aos arianos, para assim creditar a fundação da civilização romana aos arianos.

Expedição à Nova Swabia, Antártica. O que a Ahnenerbe pretendia ao acompanhar  a expedição alemã à Antártica. Podemos suspeitar pela fala do  Almirante Alemão Karl Dönitz

 

“A frota Submarina alemã está orgulhsa de ter construído para o Führer em outra parte do mundo um Shangri-la; uma fortaleza impenetrável.”

  A Ahnenerbe também esteve envolvida na expedição alemã à Nova Swabia, Antártica, em 1939. O objetivo geral da expedição era encontrar um novo local para caçar baleias, para aumentar a produção de óleo alemão. Mas o que a Ahnenerbe estava fazendo acompanhando essa expedição? O que passava pela cabeça de Himmler sobre a Antártica? Não sabemos que teoria ele tinha sobre a Antártica mas estudos geológicos e biológicos foram feitos nessa expedição.  Também há a suspeita de que uma fortaleza nazista foi construída nessa região.
  Outra famosa expedição nazista foi a expedição ao Tibete. O objetivo dessa expedição era estudar a hipótese de Himmler de que os tibetanos seriam um grupo de arianos, muito puros racialmente, que se estabeleceram no Tibete.
  A expedição levou do Tibete, além de muitos artefatos (inclusive o famoso "Yeti" empalhado, que era na verdade um urso) variedades de trigo e cevada, resistentes ao frio, que serviriam aos planos de Hitler do autossustento alemão ou Lebensraum (espaço vital). Também fotos e registros da cultura tibetana, sua magia e rituais. 

  É interessante que se descobriu muito sobre as crenças de Himmler em um caderno de anotações que mantinha. Ele tinha anotações de trechos do texto hindu Baghvad Gita, que conta sobre uma antiga civilização próspera que se locomoviam em máquinas voadoras, chamadas vimanas, e outras realizações tecnológicas (inclusive a Bomba Atômica). O texto realmente diz isso e o consenso geral é que sejam ficção antiga ou mitologia. Himmler acreditava em uma antiga civilização superior ariana, que teriam se instalado na ilha Atlântida, teriam sobrevivido à ultima era glacial e teriam espalhado pelo mundo seu conhecimento preservado, que com o tempo, foi sofrendo danos e distorções pelas civilizações que a recebiam. As viagens de Himmler para a Antártica e para o Tibete podem ter sido atrativas para a ele por esse motivo mais oculto. É possível que os místicos nazistas tenham crido que os tibetanos fossem uma forma mais pura dessa antiga cultura pré-glacial ariana. Os tibetanos usam a suástica como sinal de boa sorte.

Expedição ao Tibete.  Os nazistas acreditavam que os tibetanos poderiam ser os arianos mais puros do planeta.

O Santo Graal

   Em 1931, o escritor Otto Rahn, e posteriormente Obersturmführer (primeiro tentente) da SS, explorava cavernas no sul da França, região dos Pireneus. O que ele porcurava nessas cavernas? O Santo Graal. Rahn, orientado pelo historiador francês Antonin Gadal, acreditava que a poesia "Perzival" do cavaleiro medieval alemão Wolfram von Eschenbach, era um retrato de uma história real. O escritor acreditava que o santo Graal foi encontrado pelos druidas britânicos que se converteram ao cristianismo. Esses druidas cristãos teriam escondido o Graal na fortaleza cátara de Montsegur, Pireneus, França. Otto Rahn acreditava que os catáros, uma seita cristã medieval, teriam sido criados pelo druidas recém-cristianizados, e apontou diversas semelhanças entre a cultura cátara e a casta druídica. Otto Rahn escreveu sobre sua busca ao Graal em um livro chamado Kreuzzug gegen den Gral (Cruzada sobre o Graal).

   Este livro chamou muito a atenção de Himmler, pois exaltava um cavaleiro ariano e falava sobre arqueologia do sul da França. Rahn se surpreendeu ao receber um telegrama de Himmler oferecendo 1000 reinchamarks (moeda alemã da época) para escrever uma sequencia. Em um posterior encontro, Himmler convenceu Otto Rahn a entrar para a SS, recebendo apoio total da Ahnenerbe para financiar viagens.
   Para escrever seu segundo livro, Rahn pode viajar para vários lugares. Seus locais de pesquisas incluíram Alemanha, França, Itália e Islândia. Seu segundo livro Luzifers Hofgesind (Tribunal de Lúcifer) nem chegou perto do sucesso do primeiro.
   Sendo gay assumido, Otto Rahn, já membro da SS, participou de uma parada gay em 1937, onde foi encontrado bêbado. Como punição ele foi mandado servir como guarda no campo de concentração de Dachau, onde conheceu os verdadeiros horrores do nazismo. Ele se desligou do nazismo demitindo-se da SS. Mas foi perseguido pela Gestapo até que deram-lhe a opção de se suicidar (um costume da Gestapo para ex-nazistas condenados). Em 13 de março de 1939, o corpo de Otto Rahn foi encontrado congelado em uma montanha na Áustria, na região de Kufstein, Tyrol. Entende-se portanto que Rahn tenha escolhido o suicídio.


 

Tecnologia Mística

Acima: Esquema da SS  do Haunebu. Fonte Wafen-SS.

Ao lado: Suposta foto de um disco nazista em funcionamento. Possivelmente um Vrill-10, no caso da foto ser verdadeira.

   Os dois projetos tecnológicos, oriundos do misticismo, mais importantes na tecnologia nazista foram o Haunebu e o Sino (die Glocke).
  O Haunebu, e sua versão melhorada, o Vrill, foi idealizado pelas Vrill-Dammen, projetados pelos engenheiros da Antriebstechnische Werkstätten OHG (Sociedade Vrill) e os projetos vendidos para a SS.
   É verdade que ninguém viu frotas de discos voadores nazistas atacando os aliados. Essas armas secretas nazistas estavam em fase de projeto e há evidências que protótipos funcionais foram construídos.
   A ideia do Haunebu começou com um "avião redondo" que os engenheiros nazistas passaram a chamar de Rundflugzeug RZF (Avião Redondo), em 1937. Houveram 4 versões do projeto, alguma vezes armados com canhões, sendo o último desenho, o Haunebu-4 aparentemente sem armas.
   Em 1941, os nazistas tinham uma versão melhorada do Haunebu, chamada Vrill. Os projetos foram até o Vrill-11, com o formato de chapéu. A partir do Vrill-10, a aeronave foi apelida de de Fledermaus (Morcego). Acredita-se que foram produzidos 17 protótipos do Vrill.
  As naves pareciam levitar usando o eletromagnetismo desenvolvido por Nicola Tesla, hoje conhecido com Efeito Hutchinson. Não se sabe se Tesla tinha conhecimento desse efeito de suas bobinas eletromagnéticas, é possível que sim. Na prática ainda não foi observado o efeito Efeito Hutchinson sendo capaz de levitar aeronaves. Crê-se que Maria Orschitsch e Nicolas Tesla, lembrando que eram conterrâneos, trocavam conhecimento por meio de cartas.
  Há indícios que essas aeronaves também poderiam ter componentes alimentados com mercúrio, semelhante ao que é descrito nas vimanas do Baghavad Gita (sim o Bahgavad Gita,  de milhares de anos atrás, descrevia as vimanas sendo movidas a mercúrio líquido)
  Uma versão aparentemente diferente do Haunebu ficou conhecido como Sino Nazista, o die Glocke. Em ambos os projetos, a Sociedade Vrill foi a idealizadora. Diferente do Haunebu, não há nenhuma evidência de que o Glocke tenha sido construído. Muito acreditam que Glocke foi, na verdade, usado, razão pela qual não se encontra vestígio dele aqui na Terra.

Como o Glocke Deveria Funcionar Segundo o Projeto da Sociedade Vrill

   Vimos anteriormente que a Sociedade Vrill tinha um objetivo além do Reino de Luz Nazista. Eles queriam se encontrar com seu instrutores interestelares, os seres de Aldebaran. O Glocke seria um projeto da Antriebstechnische Werkstätten OHG  (Sociedade Vrill) para alcançar esse objetivo, construído segundo a suposta orientação de alienígenas via contato mediúnico.
   A viagem interestelar para a Sociedade Vrill se baseava nas instruções cosmológicas que Maria Orschitsch teria supostamente recebido dos seres de Aldebaran. Para eles, o nosso universo é um entre muitos universos estruturados em um super-cosmos, como um cacho. De fato, muitos místicos da antiguidade chamavam esse super-cosmos de Terras Verdes.
   Cada mundo, inclusive as Terras Verdes vibra de uma forma específica para que todos os mundos possam coexistir no mesmo espaço. Eles criam que é possível entrar em ressonância com o super-cosmos, as Terras Verdes, ao mudar da vibração natural no nosso mundo para a vibração que corresponde ao super-cosmos.  Dentro da nave Vrill aconteceria essa ressonância e seria possível criar o que chamavam de inter-cosmos: uma esfera vibracional que poderia existir tanto neste mundo quanto no super-cosmos, servindo assim com uma espécie de portal. Nesse ínterim, ao entrar por esse inter-cosmos, o Glocke estaria em uma vribração tão diferente que não mais seria visível neste mundo. Para os viajantes dentro da nave, a visão normal do seu mundo seria substituída pela visão do super-cosmos.
  Nesse super-cósmos, é possível criar um canal de transporte, ajustando um segundo motor vibracional para a vibração do planeta que se deseja visitar.  A nave viajaria por esse super-cosmos atraído por uma afinidade vibracional com a vibração do destino; e depois voltaria ao nosso cosmo, mas nas coordenadas do planeta escolhido como destino. A viajem seria muito menor do que os anos-luz de distância necessários para uma viagem interestelar dentro do nosso mundo; dizem que levaria dias ou semanas. Dentro dessas tais Terras Verdes o tempo flui diferente assim como o espaço, fazendo com que viagens no tempo também fossem possíveis. O planeta de destino estaria no final desse canal de transporte.
  Assim, uma nave Vrill, segundo a Sociedade Vrill, teria então um ou dois motores vibracionais, movidos a energia Vrill, projetados para gerar vibrações de diversos valores, segundo o ajuste do piloto. Essa parte da nave, segundo o idealizado pela Sociedade Vrill, seria chamada de genannt (chamado), ao redor desse componente a estrutura era modelada para amplificar a vibração, esta seria a razão para o formato do sino nazista. O motor Vrill é algo que pode ser chamado de motor bioenergético, movido por uma espécie de energia mística natural canalizada por pessoas especializadas, possivelmente as próprias Vril-Dammen.
  O  projeto do Glocke nazista, encontrado em documentos confiscados dos nazistas parece ter essa funcionalidade, usando também a mesma capacidade levitacional que supostamente é atribuída às aeronaves Vrill. Assim o Glocke seria um meio de transporte interdimensional, interestelar e também temporal.

   Todo o funcionamento do sino nazista giraria em torno de alcançar uma sintonia vibracional com o objetivo a ser alcançado, usando, possivelmente grande quantidade de energia, presumivelmente esta suposta energia Vrill, na qual as Vril-Damen acreditavam.

   Alguns acreditam que o Glocke foi a fuga para alguns nazistas importantes nunca encontrados. Alguns até mesmo acreditam que a Vril-Damen Maria Orschitsch, teria participado da fuga. No caso desta última, podemos dizer que não. Há evidência de que ela teria fugido para a Suécia e finalmente se casado com o seu noivo, vivendo uma vida discreta.

   Talvez temendo desviar o foco dos horrores do Holocausto nazista e todo o sangue e crueldade da Segunda Guerra, os historiadores tendem a ignorar essas origens místicas do nazismo. Mas o paganismo nazista é uma parte importante da história, pois foi o jeito que os nazistas encontram de justificar a perseguição aos judeus, e sua superioridade racial. Também é importante ressaltar que o povo alemão e os fundadores dessas sociedades ocultistas não estavam a par do que Hitler realmente fazia com os Judeus. Certamente que alguns dos personagens centrais considerados aqui foram pessoas horríveis, mas não devemos acusar todos as pessoas dessa história como sendo Nazistas, pois foram utilizadas por Hitler, assim como o povo alemão que, com sua identidade ferida, apoiou o nazismo na época.
   Mas e aquelas buscas obcecadas dos vilões de Indiana Jones? Realmente, os filmes do Indiana Jones retratam os nazistas de forma bem fiel: eram loucos obcecados por pseudociência e pseudoarqueologia. Os nazistas tinham que justificar a perseguição aos judeus, tinham que provar "cientificamente" que os judeus eram sub-humanos e que os arianos eram uma raça de "homens-deuses".
    O Völkisch do final do século XIX certamente fomentou a curiosidade de muitos alemães à lendas Atlantis, paganismo nórdico e às origens supostamente intergaláticas do sumérios. Alguns pensadores que odiavam judeus foram desenvolvendo suas distorções baseadas nessas crenças teosóficas, que culminou em uma verdadeira seita ocultista e política chamada Nazismo.

   O autor desse artigo, Fernando Vrech, também é escritor e tradutor, inclusive de Aventura e Mistério!

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